Conto natalício
Os bloggers reunem-se num jantar.
O dia de Natal iria ser passado na casa do Vício, fomos a
votos e ele perdeu. Não vos posso mentir, a casa não estava um brinco, mas, era
notório que ele deu uma arrumadela na casa, pelo menos não dei de caras com
nenhuma playboy ou com preservativos espalhados pelo espaço, o que achei ter sido
um verdadeiro esforço da parte do Vício em nos fazer sentir mais ou
menos confortáveis.
Não fui das primeiras a chegar, cumprimentei o dono da casa
que me ofereceu de imediato uma Coca-cola de dois litros e disse que havia
mais de onde aquela tinha vindo. Sorri. Ele respondeu-me que estavam em
promoção no Litle.
Ao olhar em meu redor vi que o Rafeiro Perfumado e a Felina
já se encontravam numa animada conversa intima. Fiquei sem saber se me devia de
aproximar ou não. Estavam ambos com um copo de champanhe nas patas e riam de
forma muito cúmplice.
- " Raio do cão e da gata!" - Pensei. "Será
que vou ter de os lembrar das suas caras-metades?"
A medo aproximei-me para ouvir: -... para cão até que és
bastante sexy, adoro como a gravata realça os teus olhos...
- Para gata até que não estás nada mal, posso passar a minha
pata pelo teu pelo?
- Mas que raio se passa aqui? - Questionei.
Olhando para mim como se me quisesse fulminar, a Gata
responde:
- Se apagares essa porcaria do cigarro pode ser que a gente te
deixe participar.
- Porra!, entre uma ménage à trois com o cão e a gata e o
meu cigarro, fico-me pelo cigarro.
Fugi.
Quando olhei de relance, enquanto procurava pela casa de
banho, já o Jota convivia em plena harmonia com o Rafeiro Perfumado e a Gata.
Assustador, deveras assustador. Mencionava qualquer coisa como as mulheres gostarem de lentes grandes.
Chamei o Vicio à parte só para me certificar de que aquela
não era uma festa de Swing, já mais calma, dirigi-me para a casa de banho. Ao
abrir a porta ouvi um estrondoso: -Foda-se!
-Ups! Desculpa. Ah és tu Mal Educado, como tens passado,
tudo bem?!
- Ó extraterrestre gostaria muito de trocar umas palavrinhas
contigo, mas não dá para ver que estou ocupado?
Saí de mansinho. Esta festa não tinha começado da melhor das
formas. Estava em pânico.
Sentei-me junto à janela a beber a minha Coca-cola de dois
litros, quando por detrás me agarraram dando-me um forte abanão. Era o Gemini.
Após termos decidido que não iriamos levar assunto nenhum a sério, resolvemos
brincar à nossa maneira. Observar e comentar.
- Já reparaste que o João não larga nem a Diana saltitona, nem a
Sophia? - Comentou o Gemini.
- Sempre me arrepia menos do que aquele triângulo entre o
Cão, a Gata e o Jota! - Retorqui.
- E o Mal Educado ainda está na casa de banho?
-É o que parece. - Ripostei
-Já falaste ao Fliscorno? - Indagou o Gemini.
- O Fliscorno? Onde?
-Está ali sentado à mesa a ler o jornal, secção de política,
claro está.
Subitamente a sala ficou repleta de fumo. Até custava a
respirar. Quando finalmente pudemos ver a ponta de um corno, a Diabba fez a sua
entrada triunfal, vinha acompanhada daquela cadela de que tanto gosta e escreve.
Aproximou-se de mim: - Amarela...
- Venenosa..
- As minhas gomas?
-Huh?
- As gomas que me prometeste à mais de uma década! - Sublinhou,
aumentando o tom da voz.
- Mas...ó Diabba, tu não jogas com o baralho todo. Tens
andado desaparecida e agora vinda do inferno chegas aqui a exigir gomas. Toma juízo!!
Afastou-se para ir cumprimentar o seu querido Cão Perfumado.
De súbito a Conchita mandou um berro:
- Abram a janela!
O grupo todo colocou os olhos nela e de imediato na janela,
o que vimos foi apavorante. A Teté vinha a voar na direcção da dita cuja, como se
tivesse perdido por completo o controlo das suas asinhas brancas. Sem hesitar o
Carpe mergulhou mesmo a tempo de abrir a janela para deixar a TeTé entrar,
acabando por aterrar no sofá do Vício, entre as pernas do JCA.
Ainda meio tonta perguntou aonde se encontrava, visto ter a
Diabba agora à sua frente.
- Estou no inferno?
- De certa forma. - Respondi a rir.
Mais calma explicou que há muito que não usava as asas e que
deveria ter levado as mesmas à revisão antes deste jantar, mas que era tudo
culpa do Passos. Nem lhe perguntei o porquê, apresentei-a ao Fliscorno. Passados
dez minutos verifiquei que a conversa entre ambos estava empolgante.
O Gemini às tantas disse para eu ir falar com a Conchita,
ela parecia estar em baixo. Fui ter com ela.
- C. o que se passa contigo? Não pareces bem.
- Nota-se assim tanto Alien?
- Sim!
- Alien, estou realmente aflita...
- Conta, o que se passa?
- Bem, estou aflita para ir à casa de banho mas o Mal
Educado nunca mais de lá sai.
-Olha se quiseres peço o à Gata para ir contigo lá fora, ela
está habituada a fazer xixi na rua, deve conhecer um canto porreiro.
- Oh Alien, fazes isso por mim?
-Claro que sim! – Retorqui
E lá foram as duas de mãos dadas porta fora. - Agora sim, a Conchita estava feliz.
O Dj LionMaster e o Leandro, decidiram começar a tocar umas
coisas, o que deixou a BlueShell e a Isamaria muitos contentes. Moviam-se como
duas borboletas a terem um ataque de pânico. A Marucuntuzy ria sem parar,
tão vidrada com aquele espectáculo que quando o JCA lhe tocou no
ombro para irem dançar, assustou-se de tal forma, que respondeu com um valente
murro no nariz do desgraçado. De imediato a Marucuntuzy pegou no JCA pela mão e
correu para a casa de banho.
Supressa das surpresas, estava ocupada, o Mal Educado
permanecia no interior.
Já com o grupo todo reunido à mesa, as conversas
misturavam-se umas com as outras.
O Vicio, a Gata, o Cão e o Carpe falavam de sexo tântrico e
das suas experiências. Pensei que tinha ouvido mal quando o Carpe afirmou:
- Sexo tântrico comigo não dá! Sofro de ejaculação precoce.
Ele disse o quê? Questionou-me o Gemini. Eu não queria
saber, só pensava que estava mesmo noutro planeta que não o meu.
A Marucuntuzy falava
sobre as maravilhas da leitura erótica, e era entusiasticamente aplaudida pela
Blueshel.
Um espaço vazio permanecia à mesa, o Mal Educado ainda não
tinha abandonado o que parecia ser a divisão da casa de que mais gostava. A
minha cabeça não parava de rodar. Mas que raio? Os meus vizinhos bloggers são
todos tarados sexuais ou passados dos cornos! Era o que parecia.
Já na sobremesa, ficámos todos calados quando o Mal Educado
entrou, serviu-se de uma fatia de bolo, e regressou para a casa-de-banho. Mas
aonde é que eu estou? Pensei em voz alta.
Quando dou por mim estavam todos a olhar na minha direcção.
Não corei porque sou amarela. Para disfarçar, ergui a minha garrafa de dois
litros de Coca-cola e decidi fazer um brinde.
- Gostaria de brindar a todos nós, aos que se encontram aqui
e a todos aqueles que não participaram porque este evento seria por demais
longo para escrever um texto. Fui aplaudida por todos, menos pela Diabba claro
está.
Não perguntem como acabou a noite, eu dei à sola mais cedo
do que muitos. Não sei porquê mas estava com medo de que aquela noite se transformasse
numa gigantesca orgia e eu fosse arrastada para alto mar.
Mas isto sou só eu, desejando a todos um orgásmico Natal.
Nota: As personagens deste conto não são fictícias, tive sim
de ocultar alguns episódios por temer que chocassem os mais púdicos.